Opinião

A promoção da diversidade e inclusão na agenda ESG das empresas

Por Marcelo Dutra da Silva
Ecólogo
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Empresas que promovem a diversidade e a inclusão na execução são mais felizes, modernas e abertas aos novos tempos. São empresas mais acolhedoras, com astral elevado e justas nas relações de trabalho. Em um ambiente onde todos respeitam as diferenças tudo fica mais fácil, mais leve, mais legal. E por isso estes dois belos temas têm sido considerados estratégicos na agenda ESG, de qualquer negócio que busque incorporar práticas de responsabilidade sócioambientais, sobretudo o relacionamento com fornecedores, colaboradores e clientes.

Quem não ficou indignado com o acontecido recente no estabelecimento Cúrcuma Café e Flor, no centro de Pelotas? Eu fiquei, e muito. Um boçal, um ignorante, vencido por seus pensamentos retrógados, disfere ataques na direção do rapaz que estava lhe atendendo – com toda dedicação, respeito e carinho – utilizando uma série de palavras grosseiras e ofensivas. Um sujeito tosco, antissocial, mal-educado, homofóbico, que mesmo acompanhado da filha, ainda não percebeu que vivemos em uma nova era, que respeito ao próximo é o mínimo e que ninguém merece receber este tipo de tratamento.

Construir uma cultura empresarial pautada pelo ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) não só gera impacto positivo na sociedade, como também é um modo de dar sustentação a estratégias voltadas para a diversidade e inclusão. E nunca se falou tanto nisso. Esse movimento é global e vem ganhando atenção de investidores, conselhos e lideranças corporativas de todos os setores. Existe uma demanda ética e moral para construirmos negócios mais humanizados e conscientes. Aliás, de acordo com as pesquisas divulgadas pela Harvard Business Review e McKinsey & Company, há uma correlação muito bem-vinda entre ESG (quanto a diversidade e inclusão) e os resultados do negócio.

Empresas inclusivas, que reúnem diversidade étnica e de gêneros tendem a identificar com mais sensibilidade as oportunidades e tendências do mercado. Entretanto, esta é uma longa, que vamos precisar construir com muita paciência. Infelizmente, ainda é preciso enfrentar as barreiras da falta de entendimento e a baixa disponibilidade de recursos para implementar a pauta ESG, o que certamente vem limitando os avanços. Não é preciso procurar muito para encontrar anúncios, postagem em redes sociais, entre outras formas de divulgação pública, de empresas que defendem o meio ambiente, a inclusão, a diversidade de gêneros, de raças, o público LGBTQIA+ sem mesmo ter, em seus quadros de funcionários, colaboradores ou servidores, pessoas em número representativo dessas diferenças. Apenas socialwashing (lavagem social ou um faz de conta que existe preocupação com o social).

Mas isso nem sempre é intencional. Às vezes, a organização entende a importância, sabe que a pauta ESG tem impacto positivo na sociedade, que pode valorizar e proteger o negócio, tem dinheiro para investir, mas falta acesso ao conhecimento, informação e orientação adequada para formar essa cultura. E acabam divulgando qualquer coisa como se fosse uma prática ou ação ESG. Nem sempre é. Por outro lado, algumas empresas conseguem incorporar práticas inclusivas, de atenção à diversidade, dentro de uma agenda social de mudanças que aos poucos vai dando uma nova cara para o ambiente do negócio.

A diversidade vai muito além da contratação de pessoas com diferentes origens, gêneros, raças, orientações sexuais, deficiências e idades. Para que se torne real, ela deve estar alicerçada no pensamento inclusivo, rompendo com padrões tradicionais que reforçam o preconceito e a marginalização de sujeitos. E este esforço precisa estar dentro de casa, na escola, na rua, no trabalho, em todos os lugares.


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